Legislativo adere ao Setembro Amarelo

Segunda principal causa de morte entre jovens, o suicídio foi debatido no plenário da Câmara

PORTO BELO – A campanha nacional de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, ocupou as falas dos vereadores na Câmara Municipal. Repetindo o que havia feito na sessão da última semana, Jonatha Cabral (PT) usou a tribuna na noite de segunda-feira (09) para abordar o assunto. De acordo com os números apresentados pelo parlamentar, a cada 46 minutos um brasileiro tira a própria vida. Essa estatística faz do suicídio a segunda principal causa de mortes de indivíduos entre 15 e 29 anos, perdendo somente para os acidentes de trânsito. No mundo todo, são registrados 800 mil suicídios por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Acho que é um assunto que tem de ser debatido”, declarou o vereador, que pretende seguir falando sobre o tema nas próximas sessões – inclusive ele irá exibir no plenário alguns vídeos produzidos pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), um dos apoiadores do Setembro Amarelo, abordando as principais causas de suicídio (assédio, bullying, depressão, uso de drogas e preconceito). De acordo com Jonatha, “não dá para virar as costas e fingir que o problema não existe”.

“Como médica, posso dizer que o suicídio tem aumentado muito, principalmente entre os adolescentes”, observou a vereadora Rosaura Rodrigues (PT), que atua como ginecologista na rede pública de saúde dos municípios de Itapema e Itajaí. “São várias as causas e a gente precisa se perguntar por que e, a partir do diálogo, procurar soluções”, opinou a colega de bancada de Jonatha.

Embora se possa, em última instância, creditar o suicídio a uma decisão pessoal, ainda que extrema, é fato que o ato de abreviar a própria vida tem consequências para além da morte em si. Um estudo norte-americano publicado em 2018 estima em 135 o número de pessoas impactadas pelo suicídio de alguém. No seio familiar, esse efeito é devastador.

O problema é que muitos potenciais suicidas estão sozinhos em sua angústia. Alguns tomam a decisão de forma intempestiva, às vezes ocasionada por um surto psicótico ou crise nervosa; outros fazem-no de maneira premeditada, planejando sua ação com fria deliberação. Em ambos os casos, as pessoas em volta muitas vezes só se dão conta do que estava ocorrendo quando já é tarde demais.

Quando há tempo, o que se deve fazer é conversar. Permitir que a pessoa desabafe sem impor censuras, mas oferecendo conforto e compreensão é o caminho apontado pelos especialistas em prevenção ao suicídio. A OMS lista outras medidas eficazes, entre as quais treinar profissionais de saúde para lidar com comportamentos suicidas, ajudar os jovens a desenvolver habilidades que os ajudem a enfrentar as pressões da vida, especialmente na escola, e identificar e apoiar pessoas em risco, mantendo contato constante com elas. Outra forma de ajudar é indicando o telefone 188, do CVV, que oferece apoio emocional para quem vive esse drama. O site da entidade é www.cvv.org.br.

Para o presidente do Legislativo, Altino Júnior (PSD), esse é um problema que não se pode enfrentar sozinho. Quanto mais compreensão e amparo a pessoa tiver, maiores as chances de superar a crise e reencontrar razões para continuar. “É por isso que esse tipo de assunto deve sair da esfera íntima e encontrar canais de debate na sociedade. Realmente, é preciso falar sobre isso, discutir o tema e oferecer caminhos para a reflexão. Só dessa forma conseguiremos encorajar quem sofre com o problema a se abrir e buscar tratamento”, defende o parlamentar.

(Texto: Alcides Mafra/Assessoria Câmara PB Imagem: Pixabay)